No país do futebol,
quando um homem decide trocar as chuteiras por sapatilhas, o
preconceito contra aquele que tem a coragem de entrar para o mundo da
dança ainda é grande. Seja com o jazz dance, com o balé, ou até
mesmo com a dança de salão...
Apesar disso, o
preconceito contra dançarinos nem sempre existiu. Por exemplo, há
cerca de 500 anos atrás, quando surgiu o balé nas cortes europeias,
o corpo de dança era formado apenas por homens. Além disso, foi
também um homem, Charles-Louis-Pierre de Beauchamps, quem criou as
cinco posições básicas que são usadas no balé até hoje.
Para quem ainda insiste
na teoria de que dança é “coisa de mulherzinha”, vale a pena
conhecer um fato interessante da vida do gigante francês do judô,
Teddy Riner. Ele, um dos maiores astros do judô atual, também
praticou jazz moderno quando criança.
Coincidência ou não,
também temos um judoca participando das nossas oficinas de jazz
dance. Natural de Lages, Edson Dapont Lopes tem 15 anos, reside em
Urupema, atualmente é faixa cinza no judô e cursa o 2° ano do
ensino médio na Escola Estadual Manoel Pereira de Medeiros. Para
conhecer um pouco mais desse garoto, que também já praticou a
invernada, dança tradicional gaúcha, a equipe responsável pelo
projeto realizou uma entrevista com Edson. Curta tudo o que rolou
durante nossa conversa:
Você percebe alguma
relação do judô com o jazz dance?
Edson: Com
certeza. Ambas as atividades favorecem a flexibilidade corporal,
melhoram o condicionamento físico e nos ajudam muito a manter o foco
e a atenção.
O que te motivou a
praticar o judô e a participar das oficinas de jazz?
Edson: Quem me
incentivou a participar do judô, foi uma vizinha. Ela trabalhava na
secretaria municipal de educação e foi uma das principais
responsáveis por trazer o judô para o município de Urupema. Eu me
identifiquei muito com essa atividade e pratico o esporte há um ano
e meio. Sobre o jazz, vi um convite para as oficinas publicado no
mural da escola. Mesmo sem conhecer essa dança, achei a
oportunidade interessante e fui até o IFSC para realizar a minha
inscrição.
Você é o único
homem integrante do projeto jazz dance esquenta Urupema. Como você
se sente?
Edson: Apesar de
ser o único homem, não sinto que sou tratado de forma diferente ou
privilegiada. Acho que todos somos iguais e devemos ser tratados da
mesma maneira. Em nenhum momento me senti constrangido. Muito pelo
contrário, me sinto bastante confiante durante as aulas.
Em muitos países
existem, há anos, escolas de balé clássico exclusivas para homens.
No Brasil, infelizmente, o homem ainda esbarra no preconceito quando
manifesta um interesse pela dança. Qual a sua opinião sobre isso?
Edson: O mundo,
infelizmente, ainda é muito machista, muito preconceituoso. Para
mim, não é a dança que vai definir a orientação sexual de uma
pessoa. A dança é para todos, seja homem ou mulher.
Qual o recado que
você deixa para os meninos que têm vontade de inciar alguma dança?
Edson: Se você
quer dançar, não se importe com as opiniões negativas dos outros.
Faça aquilo que te deixa feliz, corra atrás de seus objetivos,
realize os seus sonhos. Se você quer, você consegue!
Matéria elaborada pelas bolsistas do projeto Camila Adenir da
Silva e Silvana T. Alves.
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